Caso Larissa: O que dizem as defesas de marido e sogra suspeitos de matar professora após conclusão de inquérito
27/06/2025
(Foto: Reprodução) Inquérito policial, concluído nesta sexta-feira (27), indiciou Luiz Garnica e Elizabete Arrabaça por homicídio doloso qualificado com uso de veneno. Os dois estão presos desde maio. Polícia e MP dizem que marido foi mentor e sogra executora do crime contra Larissa
As defesas de Elizabete Arrabaça e do médico Luiz Garnica voltaram a negar, na tarde desta sexta-feira (27), participação deles na morte da professora de pilates Larissa Rodrigues.
Os pronunciamentos aconteceram após conclusão do inquérito policial que indiciou mãe e filho por homicídio doloso qualificado com uso de veneno. Os dois estão presos desde o dia 6 de maio.
Siga o canal g1 Ribeirão e Franca no WhatsApp
Larissa foi encontrada sem vida na manhã do dia 22 de março, no apartamento que vivia com o marido, Luiz, na zona Sul de Ribeirão Preto (SP).
LEIA TAMBÉM
Polícia conclui investigação e indicia marido e sogra de professora morta envenenada
Suspeita de matar nora envenenada também é investigada pela morte da filha
Advogado de Luiz, Júlio Mossin disse que o médico é inocente e aguarda agora o encaminhamento do caso à Justiça para analisar a defesa.
"Volto a insistir que o relatório final da autoridade policial é um resumo da prova da inocência do Luiz. A denúncia já era esperada por parte da defesa, inclusive, a acusação já se manifestou publicamente que iria fazê-la tempos atrás. Agora estamos aguardando para ver quais são os termos em que vai vir essa denúncia para poder analisar a defesa dele no momento oportuno".
Bruno Corrêa, que defende Elizabete, também disse que a sogra de Larissa não teve participação na morte dela.
"A gente não viu nenhuma novidade no relatório, não há nenhum elemento nesse relatório que coloque a Elizabete, de forma definitiva de um contexto global, no crime. A gente entende que isso corrobora exatamente a própria alegação dela de inocência, embora ela tenha sido a última pessoa a estar com a Larissa em vida e ter a presença do chumbinho, não há prova de onde esse chumbinho poderia ter sido adquirido, não há prova que foi ela que deu esse chumbinho para a Larissa".
O médico Luiz Antonio Garnica e a mãe, Elizabete Arrabaça
Arquivo pessoal
Segundo a polícia, Luiz e Elizabete mataram Larissa por estarem passando por problemas financeiros.
Elizabete também é investigada pela morte da filha, Nathália Garnica, em inquérito que ocorre em paralelo. Exames periciais apontaram que tanto Larissa quanto Nathália foram mortas por ingestão de "chumbinho", veneno ilegal usado para matar ratos (veja abaixo detalhes).
O inquérito policial foi enviado ao Ministério Público (MP), que deve formalizar uma denúncia à Justiça nos próximos dias.
Crime premeditado
De acordo com o delegado Fernando Bravo, responsável pelo caso, a morte de Larissa foi premeditada e ocorreu por interesses financeiros, já que as investigações identificaram que os investigados passavam por problemas com dívidas.
"Os dois teriam interesses financeiros. É muito evidenciado para a gente, através de trocas de mensagens. Toda a cronologia que o Luiz colocou no computador dele, as provas que ele apresentou, ficou bem claro que o crime foi premeditado. A Larissa já vinha passando mal ao longo da semana. O Luiz, de acordo com relatos de testemunhas, a impediu que procurasse exame médico."
Mossim justificou o ponto dizendo que, por ser médico, Luiz teria feito questão de cuidar da esposa.
"Em relação a esses quadros de diarreia que ela teve, o Luiz, em momento algum, proíbe ela de procurar um médico, de ir a um hospital. O fato de ele ser médico e querer tratar a esposa, é algo natural, normal e esperado. Se o Luiz deixa de tratá-la, o que vai ser dito? O Luiz é médico e deixou de cuidar da esposa".
Na conclusão do inquérito, o delegado disse que as apurações também indicaram que Elizabete, que esteve no apartamento de Larissa na noite anterior à morte, possa ter dado a ela remédio com veneno. No início de junho, quando já estava presa, Elizabete escreveu uma carta em que confirma, mas ressalta que foi algo acidental.
"O mais grave é que a gente não tem essas imagens. As duas pessoas que poderiam ter aberto o portão, negam a presença dela, embora a gente tenha um livro de registro, que não sabe quem preencheu. Tudo isso prejudica o trabalho da investigação e demonstra que a própria Elizabete fala da inocência dela", diz Corrêa.
Professora e cunhada envenenadas
A professora de pilates Larissa Rodrigues, de 37 anos, foi encontrada morta no apartamento em que vivia com o médico Luiz Antonio Garnica em Ribeirão Preto no dia 22 de março deste ano. O laudo toxicológico apontou envenenamento pela substância conhecida popularmente como "chumbinho".
O exame necroscópico descartou sinais de violência, mas apontou que ela teve lesões no pulmão e no coração, assim como a irmã de Garnica, Nathalia, que morreu aos 42 anos após um infarto, mesmo não tendo problemas de saúde aparentes. O caso aconteceu em fevereiro, um mês antes da morte de Larissa.
Diante da proximidade das mortes, a Polícia Civil realizou uma exumação e a perícia nos restos morais de Nathalia concluiu que ela também morreu por ingestão de "chumbinho".
Nathália Garnica e Larissa Rodrigues eram cunhadas e morreram envenenadas em Ribeirão Preto, SP
Reprodução/g1
Elizabete Arrabaça é investigada tanto pela morte de Larissa quanto pela morte da filha, por circunstâncias ainda a serem explicadas. Já o médico Luiz Antonio Garnica é suspeito de participação na morte da esposa.
A Polícia Civil e o Ministério Público suspeitam que um pedido de divórcio de Larissa, que pouco tempo antes havia descoberto uma relação extraconjugal do marido, pode ter motivado o crime.
Segundo o promotor Marcus Túlio Nicolino, uma denúncia por feminicídio contra os suspeitos deve ser formalizada à Justiça.
Veja mais notícias da região no g1 Ribeirão Preto e Franca
VÍDEOS: Tudo sobre Ribeirão Preto e região